MEU QUERIDO E BOM AMIGO DOURO, hoje vou juntar duas figuras Tipícas com quem tivemos a sorte de poder conviver e partilhar com eles alguns bons momentos, daquele que irei falar em primeiro, recordo inúmero momentos inesquecíveis. Sem medo de poder errar e os meus outros bons e puros amigos que me perdoem, mas este foi sem dúvida o maior de todos. Já lá vão cerca de cinquenta anos desde que um estúpido acidente de trabalho o vitimou. Encontrava-se ele a pintar o exterior de um Edifício e a cerca de metro e meio num café em Penafiel e onde há bem pouco tempo falei com o engraixador de sapatos que ainda se lá encontra a trabalhar e que assistiu ao acontecimento e relatou como como tudo aconteceu. É um personagem que nunca foi esquecido com o passar dos anos e basta que em Sebolido se fale do Quedas para saberem de quem se trata, em Rio Mau para a mesma pessoa ser identificada é só lembrar a alcunha porque era conhecido «o Ambiente». Tive a sorte de ele me ter convidado para irmos para a Banda Musical de Rio Mau aprender música, acedi prontamente como sempre o fazia, trouxe pouco depois um Irmão meu e como nunca faltava levei mais tarde o Fifas. Ficamos maravilhados com a ideia, pois éramos os primeiros de Sebolido a fazê-lo, quem não gostou seguidamente de nos ver lá, foram as gentes da Freguesia, principalmente os de Cancelos, pois na despedida que fazíamos há porta da Ti Teresa Costureira, o tocar dos instrumentos provocavam um barulho infernal: Era o tempo da Campanera do José Lito que estava em Voga e nós com Trompetes e Clarinetes quando regressávamos dos ensaios está tudo dito. Fui forçado a desistir porque fui trabalhar para as minas bem como o Fifas,e o meu irmão foi forçado a desistir para ir continuar a aprender para a Banda do Pejão para lá poder trabalhar. O Ambiente - (Quedas) a morte roubou-lhe a oportunidade de ser músico e no dia em que foi o seu Funeral, era a data marcada para ir tirar a medida da farda. Foi tamanho o respeito que tinha granjeado que os responsáveis mandaram seis músicos para tocarem no Funeral, não chegaram a tocar mas porque a hora foi antecipada e quando chegaram o funeral já se tinha realizado. Era uns anos mais velho que eu, mas sempre tive o apoio dele incondicionalmente, valeu-me inúmeras vezes e ajudou-me a resolver algumas situações bastante complicadas, cheguei mesmo a ficar vários dias seguidos em casa dele. Era uma pessoa revoltada, mas inteligentissimo. Um belo dia e para dar resposta a alguns Senhores de Sebolido que pensavam que o Dinheiro e Terrenos só por si compravam e impunham tudo, e só por si lhes dava um direito de serem tratados de forma diferente para a obrigatoriedade de serem tratados de forma diferente. Para lhes dar uma resposta apropriada: Colocou no selim da sua habitual bicicleta de corrida uma nota de Mil Escudos e escreveu a seguinte frase: Se o dinheiro é só por si merece tratamento de senhoria Senhoria (Ora Viva Senhora Importância). De entre muitas outras, também foi dele e engendroca de numa vela noite de luar no Tanque em Junçadelo nos cobrir de Branco com Lençóis ensaboar as beiras do tanque e bater palmas e com risadas a imitar as ditas Bruxas, para que o Ti Luis Luntra apanhasse um susto e não nos espreitasse, foi tal o susto que apanhou que se borrou todo e jamais regressava depois do toque do recolher obrigatório ou seja o bater das Santíssimas Trindades. não cabe aqui as inúmeras histórias dignas de registo em que o envolve, mas espero ainda poder registá-las em outro local. Estejas onde estiveres obrigado por me teres tido como Amigo. A segunda figura : é-me tremendamente difícil falar dele porque se trata de uma pessoa que muito amei. Começou logo na Escola a destacar-se; era diferente. Frequentou a Escola em Sebolido, logo aqui deixou vincados que era um homem de paixões, entrou para a primeira classe, apaixonou-se por ela e mantevesse na mesma calçasse durante cinco anos, veio mais tarde a aprender a escrever o seu nome. Amigo Douro ele era filho e tinha um Irmão, eram verdadeiros, dedicados e apaixonados Pescadores, mas herdou essa paixão. Quando a Tasca do Mário,do Pereira e Tenente de Midões, quando elas fecharam era um ferrinho em Sebolido na Tasca do Ti Cunha e depois no Belmiro, onde um destes dias me foi dada a conhecer uma fotografia onde estavam lá todos e apenas só hoje um ainda vive. Quando era Solteiro não tinha muita habilidade mas gostava de arrastar a asa com as raparigas. Não era lá muito bem correspondido, se calhar por falta de dom de palavra. Mas se calhar já um pouco cansado da vida de solteiro,num belo dia vindo das Fontaínhas Raiva passou por Oirais andava lá nos campos uma raparigota ganhou coragem dirigiu-se a ela em vez de lhe pedir namoro pediu-lhe casamento, o que ela logo aceitou. Combinaram um dia para pouco depois então falar com o Pai Canastro. De acordo com o combinado lá foi no dia e hora marcada chegou e pediu-a em casamento só que em vez da que tinha pedido estava lá uma irmã que ficou estupefacta e não conseguiu responder, começaram a combinar tudo para o casamento só que entretanto chegou a que ele tinha falado e mandou parar dizendo a quem ele pediu em casamento e aceitei fui eu e como tal sou eu que vou casar com ele . Foi um alívio para a irmã que sempre ficou solteira. Era um mulher que nem ou melhor nunca conheceu o Dinheiro o meu Ti Tio não era pessoa dada a muito esforço de trabalho, encostado ao Irmão lá foi andando como Barqueiro primeiro nos Rabões de Queiró e Carqueja do Ti Anastácio das Fontaínhas, mais tarde encostado ao Irmão Irmão nos Rabões da Carbonífera do Douro. Casou e foi viver para Gondarém, os filhos começaram a aparecer as dificuldades a aumentar, os Pais viviam com o Irmão que lhe tinham dado a casa, mas como as coisas não davam certo então combinaram para ele ir para Cancelos olhava pelos Pais e a casa seria dele. Como ele não conseguia trabalhar nos Barcos e na Pesca, como era Advertência meses havia que não ganha praticamente tostão,. valeu-lhe que veio também viver uma Tia que tinha uma filha deficiente chamada Barrota, que andava a pedir Esmola e que vinha sempre carregada diariamente. Assim foi sendo que a fome menor e o que o irmão lhes dava,atenuava imenso. Tinha outro Irmão o Muge, mas era pessoa sem pingo de Amor ou Solidariedade, antes era um conflituoso constante com os familiares pelo domínio que a mulher exercia sobre ele, já que em solteiro tinha sido amoroso e ajudava.Foi um sujeito que prejudicou imenso toda a família. Haviam mais três Irmãs, uma ajudava o que podia as outras duas eram ainda mais pobres. Este enfrentou todas estas adversidades sempre com um alheamento total, pois a sua boa disposição e humildade eram constantes e contagiosas . Tornou-se numa figura marcadamente castiça e assim morreu com a Boina o Bigodito, o casaco comprido cheio de Cebo e o Cigarro Fortes de mortalha ao canto da boca. Sempre se alimentou mal bebia uns copos de tornou-se muito cedo dependente. Mas mesmo dependente e sem grandes forças foi sempre uma pessoa respeitadora, afável e muito amorosa. Era adorado pelo Irmão e Cunhada e quando cresceram os filhos destes principalmente pelos dois mais velhos que sempre que passavam por ele lhe davam uma notita. Teve um fim de sofrimento dramático, como aliás era de prever motivados pela sua dependência, um dia já muito debilitado e internado num hospital pediu aos filhos que a melhor prenda que lhe podiam dar era uma garrafita. não resistiram e lá lhe satisfizeram o desejo. Poucos dias antes de ele falecer estive com ele dei-lhe uma nota foi comprar uma garrafa de vinho . Bebeu-a seguida e saía por baixo já não continha. Desabafou com o Ti Abel : foi a melhor pinga de Vinho que bebi em toda a minha vida. Foi a melhor e a última pouco depois faleceu no Hospital. Pelo Amor que sempre lhe tivemos nós sobrinhos não poderia deixar de recordar e ajudar a perpetuar a sua memória. Sei que consta em livro o seu nome e isso enche-me de felicidade. Obrigado meu TIO SIMÃO esteja onde estiver descanse em paz porque bem o merece pela vida árdua que sempre teve de dificuldades permanentes. O Bom Simão partiu primeiro que o Esposa Irmão e Cunhada, mas estes sempre continuaram a apoiar e ajudar a Lete e quando morreram os seus Filhos continuaram a ajudar e quando ela já estava cega de uma vista e via muito pouco da outra demos dinheiro e metemos um soalho novo para que nada de mal lhe acontecesse já que o velho estava cheio de buracos. Quando ela partiu acabou uma forte motivação que tínhamos era uma Tia que sempre tivemos enorme satisfação em a visitar e esteja ela também onde estiver que descanse em paz. Bem o merece porque teve uma vida que soube suportar todas elas cheia de tremendas dificuldades e pobreza extrema. Obrigada Tia Lete.
Claro di Luna
Há 6 anos
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