segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Regresso ao Activo = Eleições

APÓS UNS ANOS NA RESERVA VIGILANTE, A NECESSIDADE DO REGRESSO AO ACTIVO
ELEIÇÕES LEGISLATIVAS REALIZADAS NO DIA 26 DE SETEMBRO DE 2009
COMO VICE PRESIDENTE NA MESA NÚMERO QUATRO EM NOGUEIRA REGEDOURA


A FOTOGRAFIA COM CERCA DE QUARENTA E CINCO ANOS MOSTRA O SEGUINTE:
O MEU MANO JOAQUIM FERREIRA, NA SERRA DE S. DOMINGOS, A FREG. DA RAIVA AO FUNDO DO LADO DIREITO, MAIS ACIMA O CAROÇO (AREIO) FRENTE AO PESO, DE FRENTE O AREIO D´ORTES, SENDO AQUELE DE MAIOR EXTENSÃO EM TODO O DOURO
QUERIDO AMIGO RIO DOURO - VAMOS CONVERSAR - SABES QUE RECORDAR É VIVER
Sim meu Bom Amigo, quando menos esperamos as surpresas agradáveis deparam-se-nos. Para melhor se perceber, uns dias atrás um Amigo meu, sabendo que eu gosto de coisas que se liguem por referências ás Freguesias circunvizinhas e testemunhos das suas Gentes, trouxe-me uns exemplares de Boletins Informativos, cujo titulo era " A VOZ" publicados pelo C.P.T. de RIO MAU,são exemplares datados de 1997. Nessa ocasião não vinha assiduamente cá acima, contudo ainda tive oportunidade de ter lido uns dois ou três números. Sinceramente tinha gostado do formato, a forma como da qualidade dos escritos.
Sinceramente hoje quando me foi dado ler, fiquei deveras surpreendido pela positiva. Era de uma qualidade e utilidadede extrema importância.
Encontrei nestes exemplares estudos respeitantes ás Freguesias de Rio Mau e Sebolido, que ainda não possuía, assim como dados respeitantes á Pesca Artesanal espectaculares. Consta o Nomes, medidas e formas de utilização das redes, bem como números de *Pescadores e em muitos casos os seus nomes. Muitos desses eu conheci. . Ao Amigo que desenvolveu este trabalho, que infelizmente já partiu. Certo que não tive grande ligação com ele, mas nem por isso quero deixar de lhe agradecer este o valor deste importantissimo ilucidativo trabalho. .A sua Fotografia não serviu para que o identificasse. Contactei Amigos meus para saber de quem se tratava e foi-me dito que era um Senhor que tinhas tal como meu Pai tirado a 4ª Classe nos Adultos. Fiquei maravilhado por saber que a Alma de Um Povo continua Viva, por gente não Letrada, mas que tudo fazem para deixar um legado para as Gerações vindouras. Nada me move contra os Letrados, até porque dispendi um grande esforço, para dar um Curso Superior ás minhas Filhas, mas a constação de uma realidade, nunca poderá ser escondida,nem escamoteada de verdade . Num tempo em que cada vez mais Jovens tem formação Académica, bom seria que se empenhassem na recolha de usos e costumes dos seus antepassados. Mas até ao Lavar dos Cestos é Vindima. Como tal vamos continuar a que valores como estes não se percam. Convictamente acredito que a minha geração tem uma responsabilidade acrescida, pois temos ainda a possibilidade de recolher testemunhos que se foram passando de Pais para Filhos e que hoje pelo Frenezim da Vida que talvez possa contribuir para o pouco diálogo existente entre familias e amigos, contribuem para que se vão perdendo,estes valores. Se a curto prazo e enquanto por cá andamos não os deixarmos registados.
Amigo Douro fiquei imensamente satisfeito, por saber que em Rio Mau existe uma Rua que faz referência aos antigos Pescadores, lamentando que tal não aconteça na Freguesia de Sebolido e concretamente no Lugar de Cancelos, onde apenas duas familias não vivianm em parte da Pesca e nelas não existiam Pescadores.. Mas por insistência minha nas Assembleias de Freguesia, ficou registada a promessa que quando se abrir novas Ruas elas terão o Nome de Pescadores e Agricultores. Vamos aguardando., acreditando que um dia esta promessa se venha a tornar realidade. Contudo já foi muito positivo esta reivindicação,constar em Acta da Assembleia de Freguesia.
Pena é que o Boletim tenha terminado.
Sei que não é fácil.
Sou responsável pelo Boletim que temos vindo a Publicar no Centro Recreativo e Cultural de Sebolido, com distribuição gratuita aos Associados, mas a falta de colaboradores,é a principal adversidade. Na esperança de melhores dias vamos enquanto possivel continuar a publicá-lo.
Neta Leitura Amigo reforcei o que já sabia.
O Povo de Rio Mau Adora a sua Terra.
Sobressai esse Amor, em tudo o que escrevem, relaccionado com a sua Terra e nas referências elogiosos aos seus Conterrâneos e Migrantes.
Bem Hajam.

PEDIR DESCULPA NUNCA SERÁ UM SINAL DE COBARDIA, MAS INDICADOR, DE UMA POSTURA DIGNA

Quero pedir-te desculpa se for caso disso por nestes dois dias te ter dado pouca atenção, se calhar até terás pensado que como na outra semana andei todos os dias metido dentro de ti e como sabes por me ter descuidado deixei o barco afastar-se e até deu direito a tomar aquela banhoca espectacular.`Mas verdade que estive embora que por pouco tempo na tua margem junto á lingueta Bi-Centenária, a tal que aos poucos as suas pedras se foram desmoronando e que já poucas existiam. Acalentava este sonho antigo de um dia as repor acaba de ser concretizado, assim já posso meu quando o teu caudal estiver um pouco mais alto levar os meus convidados familiares e outros amigos a te deliciarem. Foram razoáveis connosco ao baixarem por uns dias um pouco as tuas águas,foram obrigados pois tinham a necessidade de o fazerem para construir o Novo Cais nas Fontainhas, Lugar da Freguesia da Raiva Vila do Cativante Concelho de Castelo de Paiva. Ao me aperceber disso aproveitei com dois elementos a quem paguei e já está conseguido o objectivo primordial. Está liberto para poder ser concluído definitivamente. Os Pescadores já começaram a cheirar e rapidamente riscaram projectos para os pesqueiros, a minha Filha e Genro também já se sentaram lá hoje a te deliciarem, no sábado a mais nova a Carla Florbela também o fez. deixaram a promessa que agora nas férias do Natal vão estar mais tempo junto a ti.
O Nosso bom Amigo Dr. Amorim,contribuiu monetariamente e esteve cá no Sábado a apreciar e aprovou a cem por cento, ficou contentíssimo e que no Ano Novo cá estará para experimentar o novo posto de Pescaria.
Para mim as coisas também vão melhorar ao ter melhoria nos acessos.
Senti-me feliz por esta concretização e com umas coisas puxam as outras com diz o meu Irmão Quim, lá veio á memória a inspiração para os versos que relatam uma verdade indesmentível e porque eu declamava alto essas lembranças de pequenino as fui recordando e para que constem vou publicá-las, porque num dos seus contos relata e muito bem o nosso bom Amigo e também ele membro que serviu a gloriosa Armada o Manuel Araújo da Cunha num dos seus livros.
"Em Cancelos a fome nos tempos em que não nos abastecias era negra e ninguém tinha um vintém.
Mas mesmo sem isso a nossa felicidade era total e hoje sei que com o passar dos anos temos um enorme armmazem onde armazenamos maravilhosas experiência e sabedoria e neste tu cá tu lá continuamos a manter intactas as nossa faculdades mentais e intelectuais.
Digo-te amiúdas vezes temos de ser exigentes em não deixar perder pitada do que sabemos, mas lá vai então o relato da Lembrança de Miúdo:-

RECORDAÇÕES QUE NÃO ME ENVERGONHAM - VIVIA ESTES DIAS COM PLENA FELICIDADE
Lembranças da Minha Pequenice.

(O LAR ONDE NASCI)

Eu nasci num lar tão pobre
Tão pobre como fui e sou
Pobre com grande pobreza
Foi o que minha vida herdou

Foi o lar da minha vida
Que nem um berço tinha
Meus Pais dormiam na Sala
Eu ficava na cozinha

Era tão pequenina a casa
Que não dava para arrumação
Pois meus Pais não tinham posses
Para me comprar um colchão

Era assim nesse meu tempo
Os Colchões feitos de sacos
Cheios com palha de centeio
E os Travesseiros de farrapos

Mas compraram uma boa casa
Pouco abaixo dos Portelos
Num lindo e adorado Lugar
Que dá pelo nome de Cancelos

E ainda muito pequenino
E não tendo com quem ficar
Minha Mãe tinhas de ir ao Monte
Mas tinha que me levar

Era uma Pescadora/Lenheira
Estivesse calor ou muito frio
Apanhar Carqueja e Queiró
Que carregava até ao Rio

Eram Botenos que bem amarrados
Em conta um Cento e Meio
Com este peso todo á cabeça
Ainda com um Filho no Seio

Já nesta casa fui crescendo
Vivendo esta vida marota
Foi então que fui pedir
Com a minha Prima Barrota

E a pedir de porta em porta
Pelos Lugares e Freguesias
Regressando contente a casa
No final de todos os Dias

Com a códea enganava o Estômago
Distraíndo algumas vezes a Fome
Valeu a pena pois fui ensinado
Que quem não pede não come.

Cresci assim no dia a dia
Seguinte foi ir para a Escola
Meus Pais compraram-me Livros
Lápis, Lousa, Vata e a Sacola

Mas a fome também me deu
Muita calma e paciência
Não um Super-Dotado
Mas com muita Inteligência

Aprendi bem a contar
O mesmo a ler e a escrever
Aprendi muito a respeitar
E também a saber a obedecer

Tudo isto me recorda
Uma miséria infernal
Havia tudo p´rós ricos
Neste nosso belo Portugal

Mas valeu-me esta lição
Com pobreza mas honradez
Mas tenho esta enorme fortuna
Ser um honrado Português.

Longe vão os tempo felizmente,em que quem nascia pobre estava condenado a ser pobre toda a vida.
Passar toda a Vida, sem casa, sem familia e sem guarida, vivendo em eterna solidão, como se a culpa fosse deles que nasceram. E nã daqueles que fingiram que não se aperceberam. Que um desteds pobres deveria ser um irmão.

O amor a eles como a Ti Rio Douro,é como o Oceano que vi sempre o começo, mas nunca cheguei ao fim.
Amor reciproco que perdura e perdurará, para lá de mim, já que tu és Eterno.
Nunca o Barco andará à deriva porque a espadela a guiará.

REFERÊNCIAS A SANTA EULÁLIA PEDORIDO- LUGAR DE RIO MAU E CONCELHO DA RAIVA - SEBOLIDO
Amigo hoje vamos falar de coisas que se passaram enquanto a hoje Freguesia de Rio Mau foi em tempos um Lugar da Freguesia de Santa Eulália de Pedorido, nos tempos a que a Freguesia da Raiva era Concelho ( Conforme comprova o Pelourinho lá Existente) e como tal ainda hoje lá mantém o Pelourinho quem sobe da Igreja para cima ao lado esquerdo esse símbolo é a distinção e documenta essa veracidade. Mas hoje é para falar da antiga Capela de Rio Mau que já há muitos anos carecia de obras ou de ser substituída.
Sempre era protelada a decisão, mas também da actual Igreja, do Atoleiro e de nós. De nós Amigo, porque o que aqui vou falar concerteza já é do teu conhecimento, mas sei que teimas e muito bem em não relatares mesmo aos teus maiores Amigos e Admiradores relatos importantes a que tenhas assistido e por vezes não por culpa tua mas das intepérides de que não és responsável a que sejas obrigado a ser falado em que a culpa te poderá ser atribuída.
Ainda bem que assim é.
Por vezes quando assisto e assisto porque me não posso desviar a comentários menos abonatórios a teu respeito, sinceramente que antes me incomodavam, hoje não ligo patavina porque sei serem de quem nada percebe daquilo que te diz respeito, dos tais que são os únicos detentores de todas as sabedorias e todo o resto.
Mas de rios e mares nada percebem e falar-lhes de margens, caudais, bombordos ou Estibordos é segundo eles tratá-los mal.
Mas como dizem os Cristãos aquela máximas de Pai perdoa-lhes que eles não sabem o que dizem e menos o que fazem,como tal merecem ser desculpados.
Também tu e nossos amigos temos de fazer o mesmo.
Mas como os teus e nossos amigos são mais que muitos então vamos falando porque eles terão pachorra para nos ler e conhecer e registar os nossos testemunhos que poderão não ser muito atractivos, mas tem o valor de serem reais sem um minímo de ficção.
Os nossos amigos que nos os dão a conhecer, são como o algodão. Não enganam.
São pessoas desprovidas de qualquer pretensão de protagonismo.
São feitas referências á Capela de Rio Mau num trabalho excelente que mais tarde desenvolveremos onde não era permitido a travessia de uma margem para a outra em alturas que as tuas águas aumentavam e a corrente se tornava mais forte.
Como os Padres em número de 3 a sua residência era em Pedorido então nessas ocasiões na era celebrada missa na Capela.Era referido ainda que a população era pobre e como tal isenta de pagar impostos, relata o que a Capela possuía e tudo era valioso tinha recebido obras de conservação e garantia longos anos sem necessidades.
Os anos de duração das madeiras eram limitadas, com o decorrer dos anos a necessidade de obras e aumento da Capela ou uma Igreja com maiores dimensões para que todos os Cristãos ja que vinham crescendo podessem assistir ás missas.
Choviam as promessas.
Obras Nicles.
Até que farto, já não acreditando nessas promessas o nosso Saudoso Amigo Rimauense homem dotado de uma inspiração poética invejável decide tornar pública a sua insatisfação.
Foi como atear um fosforo a uma porção de gasolina.
Após a publicação dos versos foi um ver se te havias e em vez de o vai fazer-se. Começou de imediato a ser feito.Há copisas sérias que podem ser ditas a brincar.
Este trabalho e o impacto que teve foi real.
A acdeleração daconstrução da Igreja, em boa parte a ele se deve.
Só é possível perpetuá-la pelo empenho e dedicação do meu querido e bom Amigo que me deu este privilégio de eu poder publicar em primeira mão estes dois preciosos documentos.
A Ti António Monteiro, permite que te reconheça com toda a minha gratidão e distinção.
Ao teu grande Amigo. Saudoso Ricardo M. Sousa, esteja onde estiver!.. Concerteza muito contente ficará; ao saber que foste um fiel depositário de documentos tão importantes que os soubes -tes valorizar e é a ti por mérito devido que cabe a responsabilidade de através do meu Blog o imortalizares. É convicção que ambos esais de parabéns por este legado.

HOMENS E POETAS POPULARES RIMAUENSES
Autor das Quadras:- Ricardo M. Sousa
Dono do Documento António Monteiro:-
Transcrito por:- Valdemar (Ferreira "O Marinheiro").

(ANTIGA CAPELA DE RIO MAU)
Ao entrar na Sacristia
Da minha pobre Capela
Distraído saudei
Dois obreiros mestre dela

Mas qual foi o espanto
Que de repente notei
Uma vóz como dum Santo
Bons dias eu te darei

Olhei logo em redor
Mas não via ali ninguém
Então outra voz mais forte
Me saudou a mim também

Agora tremo de susto
Quem me fala são retratos
Fico firme mas com custo
Mas eles estão pacatos

Amigo, me disse o Magro
Quero que digas ao Povo
Estou aqui á Cem anos
Não vejo nada de novo

Cem anos já se lá vão
Tanta Gente vi entrar
Mas nem só um conseguiu
Esta Capela aumentar

Temos estado caladinhos
A ver o que vós fazeis
Vamos nascer e morrer
Na vida só dando leis.

O mais gordo disse então
O que pensa esta Gente
Talvez pense que a Capela
Sirva sempre Eternamente

Eu quero que vós saibais
O que disse S.João
Numa noite de Inverno
Ao ribombar dum Trovão

Fugei Santos e Santinhos
De novo vamos morrer
O Forro alaca já
As Telhas com nós vem ter

O relógio está no fim
O Caruncho nos sufoca
Para maior desgraça os sinos
Quase nenhum deles toca

Vai Ricardo sê feliz
Diz a todos o que sinto
Faz pregão do que te diz
O José Bernardes Pinto.

No Lugar de Rio Mau existiu em tempos uma Pensão que no seu auge foi das mais badalas do Norte as suas referências de bem receber e bem servir trouxeram a este pitoresco Lugar com a colaboração das suas gentes hospitaleiras Ilustres Personagens, muitos deles desconhecidos.
Perante a presença de muitos deles algumas vezes me interroguei se estaria na presença de Santos ou Pecadores. Para lá dos habituais estágios de Jogadores de Futebol e Ciclistas muitos outros aqui vinham parar.
Hoje e depois de o António Monteiro me ter entregue e eu lido e relido estes maravilhosos versos as minhas dúvidas não se dissiparam mas sim aumentaram.
Secretamente e meio envergonhado fui á Janela da minha Sala e uma vez mais e em vóz alta de forma a que o meu eco de pronúncia a ele chegasse e poder ter um pequeno sinal.
Mais o meu Amigo Rio peferiu continuar a deliciar-se e continuar a receber a forte chuva que nele entrava e como a fazer-se de alonso nem resposta nem recado me deu isto como quem diz um segredo é para guardar e se queres dissipar dúvidas continua a indagar. Obrigado amigo tu és mesmo o máximo.É por estas e outras mais que cada vez gosto mais de ti se ainda for possível gostar mais e melhor. Mas não vou desistir de te consultar, sempre que tiver essa necessidade. Sabes que também sou de convicções fortes e não desisto fácilmente. Para continuar a ser homem de causas e não de casos tenho de ser persistente.

PENSÃO DE S. JOÃO em RIO MAU - SEBOLIDO

Já chegou a Fama ao Céu
Desta moderna Pensão
Pois já temos dois almoços
P´ra S.Pedro e S. João

S. Pedro e S.João
No Céu fizeram barulho
Querem vir cá á Pensão
Ás papas de sarrabulho

S.to António também quis
Participar nesta Guerra
Já não Hei-des só os dois
Também vou aquela terra

S. Martinho o rei da pinga
Entrou na discussão
E disse: Amigos calma
Eu também vou á Pensão

Nisto entrou S.Gregório
Mas este muito zangado
Vós hei-des para as papas
Eu vou ao Sável assado

Convém ir junto connosco
A Maria das Candeias
P´ra ver Dona Carolina
A preparar as Lampreias

Lá o arroz das Lampreias
Disse S.Brás de Canelas
Foi a coisinha melhor
Que me passou nas Goelas

Diz S. Pedro a S.João
Que sarilhos nos metemos
Um Autocarro não chega
Vão ir todos os que temos

Santos Anjos e Arcanjos
Disse S. Paulo Doutor
Se não houver Autocarros
Vai um disco Voador

Vai tudo P´ra Rio Mau
Disse S.Judas Tadeu
Querubins e Serafins
Vai ficar vazio o Céu

Amigo apesar de ser duas da manhã e tu relagadamente continuares a te deliciares com as chuvas que te vão proporcionando teres recebido águas mais límpidas também eu me fui maravilhando com este interessante diálogo juntando a isto o sabores calor que fui recebendo da Antiga Lareira este tempo foi maravilhoso. Agora vou encerrar a escrita e reler o Livro do Amigo que viveu aqui junto a nós e foi como Marinheiro que nos visitou, infelizmente na Tragédia de Entre-os-Rios mas que ele teve a coragem e sabedoria de perpetuar como ninguém de entre tanta fanfarronice de expressão de sentimentos no mínimo duvidosos e até arrisco a afirmar que segundo a minha conclusão pessoal muitas das choramingas e lamentações apenas tinham um único sentido. Provocar o protagonismo que de outra forma nunca seria conseguido. Muitos poucos hoje se atrevem ou querem falar da tragédia, mas quem como tu vês diariamente os Cemitérios de Oliveira do Arda e Raiva e eu que por lá passo amiudadas vezes juntando ainda os de Sebolido e Sardoura, jamais a esqueceremos e a todo o momento me recordo e faço votos que estejam onde estiverem descansem em paz. Mas o Livro do Comandante da minha Querida e Amada (Marinha de Guerra Portuguesa ficará eternamente como um testemunho de seriedade e gratidão. As gentes dos dois Concelhos que não são Burras sabem valorizar quem os perpetua. Por mim Obrigado Sr. Comandante Augusto EzequielPELA MISSÃO EM CASTELO DE PAIVA.Amigo Rio Douro, hoje vamos voltar a conversar neste Blog, já que temos vindo a fazê-lo na Terra Rio e Mar- Como já várias vezes temos conversado é nesse Blogue que falamos de coisas mais diversas, enquanto reservamos para este o que parece ser uma linha do princípio para que foi criado. Sabes que ambos são nossos e que os nossos Amigos nos lêem em ambos. Mas falar da hoje Freguesia de Rio Mau, que em tempos foi Lugar de Pedorido e depois de Sebolido tem para nós um carinho especial, já que tu a banhas e eu constantemente atravesso a Freguesia e todo o nosso passado a ela está ligado. Sabes bem que tenho por essa gente um carinho e admiração especial. Talvez agora possa dar um pequeno contributo, para minimizar as traquinices do meu tempo de Jovem. Mas sei que também eles por nós têm um carinho especial. Quando e após uma semana totalmente a relembrar-me dos maravilhosos anos da Empresa Carbonífera do Douro e dos anos em que lá trabalhei e que tantos amigos lá ganhei, pensava eu que estava chegada a altura de começar a escrever esta fase da minha vida, partilhando grandes alegrias com estes meus amigos e eles comigo, mas eis que me surge a oportunidade de ter de me ir encontrar com o Amigo António Monteiro, pois graças a ele que ao me ter entregue uns Poemas do Saúdo Ricardo M. Sousa os meus blogs fossem lidos atentamente por uma sua familiar nascida e residente no País Irmão (Brasil) e assim hoje poder ter contribuído que esses laços familiares se venham a reforçar. Foi graças ao trabalho guardado a sete chaves pelo António que assim foi possível a Dona Sílvia reviver locais que uma vez conheceu há muitos anos aqui em Rio Mau e realizar o sonho de conhecer algo respeitante a estes seus familiares. Para estabelecer esse contacto fui falar com o Senhor Rolando Sousa que me relatou coisas maravilhosas que divulgarei em outra ocasião. Foi então que uma vez mais o Monteiro me surpreendeu ao fazer-me entrega de mais uns Poemas do Saudoso Poeta, pelo valor dos mesmos e o que eles representam e para que a Dona Sílvia tenha mais este conhecimento. Optei por lhes dar total prioridade.

CONVERSA A TRÊS: -

O FILHO A MORTE E A MÃE

PEDIDO DO FILHO Á MORTE=
Ó Morte tão traiçoeira
Tu que não poupas a ninguém
Olha! Mas demora muito
A levares a minha Mãe

RESPOSTA DA MORTE :-
A minha vida é matar
Tudo o que vive no Mundo
Quer de noite quer de dia
Não perco um só segundo

RESPOSTA DO FILHO :-
Sim morte tu tens razão
Mas leva o que é mau
E deixa o que é bom
Tu levando a minha Mãe
Golpeias meu coração

MORTE SENSIBILIZADA
Podes ficar descansado
Tua Mãe não vai comigo
Por seres um bom filho
Longos anos estará contigoO

FILHO INFORMA A MÃE
Mãe eu já pedi á morte
Que não te levasse cedo
O Mundo sem ti é escuro
Ó minha Mãe, tenho medo

A MÃE PARA O FILHO
Obrigado filho amado
Tesouro do meu coração
Assim pensem estes filhos
Destes Pais que aqui estão

ENTÃO O FILHO LAMENTA
Quantos Paizinhos no Mundo
Poderiam ainda hoje viver
Se os filhos os amassem
Do Coração a valer

FELICITAÇÕES DE FILHO
Ó Mães de Rio Mau
Deste palco vos saúdo
Quem tem Pai tem grande bem
Mas ter Mãe é melhor que tudo.

MENSAGEM TERNA E DOCE DO FILHO
Quem não Ama Pai e Mãe
Antes filho não o fosse
Pai que palavra tão Linda
Mãe que palavra tão Doce

Amigo desculpa por voltar a repetir o que ontem já disse: - Mas as novas Tecnologias por vezes reservam-nos umas surpresas inesperadas e quem sabe se não serão um teste á nossa capacidade, se estaremos ou não preparados para calmamente aceitar estes percalços e se temos a mobilização mental necessária para de novo voltarmos a reescrever. Se o conseguimos fazer, duas coisas podemos ter a certeza é que mentalmente estamos bem e que o trabalho que desejamos dar a conhecer é deveras importante como a principio nos parecer que seja. Assim e depois de a discriminação de este pequeno pormenor estão criadas as condições para que voltemos a desenvolver esse mesmo trabalho e o dar a conhecer a quem estiver interessado: -

OS COPOS E UM NEGÓCIO NA FEIRA DE S. MARTINHO EM PENAFIEL (QUE SE REALIZA NO MÊS DE NOVEMBRO.

Certa vez no S. Martinho
Com a fartura do Vinho
Mau negócio eu fiz
Comprei Vaca, saiu Bói
E assim me obrigou
A eu lá voltar outra vez

Quando á Feira cheguei
Com o mesmo Senhor dei
Mas em grande burburinho
Agarreio pelo Pescoço
Tem paciência meu Moço
São coisas de S. Martinho

Desfiz então o engano
Com esse mesmo Fulano
Que se chamava Ventura
Deixamos de andar á rasca
E voltamos para a Tasca
Beber mais e á fartura

Eram copos e mais copos
Já sorriam os Cachopos
De ver nossas posições
Tanto eu como o Ventura
Com a Fralda á dependura
Um bom par de Borrachões

Começam haver sarilhos
Com a força dos quartilhos
Embora mal medidos
Nisto oiço uma voz
Que veio bem até nós
Estes dois estão perdidos

Já de fraca catadura
Despedi-me do Ventura
E saí ao Zigue-Zague
De repente bem um murro
Oiço dizer está seguro
Não vai daqui sem que pague

Ouvi o melhor discurso
Em toda a minha vida
Do Ventura com firmeza
Larguem esse meu Amigo
Ponham-no livre de perigo
Sou eu que pago a despesa

Tinha eu deixado a Vaca
Preza a uma estaca
A um cantinho da Feira
Mas o raio da Canalha
Que nessa Feira não falha
Fez a sua brincadeira

Agora que vejo eu
Ó Meu Santo Deus do Céu
Mas que grande desalento
A minha linda Vaquinha
Não está lá coitadinha
Mas sim um velho Jumento

Tentei pôr tudo em cacos
Mas apanhei dois supapos
E eu com minha razão
Alguém disse cena feia
É metê-lo na Cadeia
Esse grande Borrachão

Com a cabeça toldada
Não esperei por mais nada
Tratei foi de vir-me embora
E de regresso, mas sózinho
Quantas vezes pelo caminho
Vi chegada a minha hora

É feio ser-se Borracho
Um grande defeito que acho
Agora com mais juízo
Ser alegre e sorridente
Que o seja toda a Gente
Ser Borracho não é preciso

É tão Lindo quando partimos e deixamos para os nossos conterrâneos expressos os sentimento e o amor que nutrimos pelas Terras que nos viram nascer e Crescer.
Bem hajam estes apaixonados.

DA JANELA DA MINHA CASA EM RIO MAU EU VEJO
Da minha janela eu vejo
Os Lugares de Outeiro e S. João
Vejo as Moças na Fonte
Com o Caneco na mão

Vejo o Rio e o Ribeiro
Quando estou ao meu Janêlo
Vejo o Lugar de Pustercos
Os de Castelão e Portelho

Também vejo a Estrada
De todos Sala de Estar
Deslumbro bem a Sobreira
O Coração do Lugar

Vejo minha Mãe rezando
Ao cantinho da cozinha
A pedir a Deus do Céu
P´ra nos dar a saúdinha

Sou feliz em minha casa
Sou feliz eu bem o sei
Eu não troco a minha casa
Pelo Palácio de um Rei

NOÇÃO E LÚCIDEZ DE TER DADO VIDA Á VIDA - RICARDO M. SOUSA
Quando na fase terminal e já padecendo de cegueira total teve este testemunho fabuloso que demonstra todo o carinho e amor que nutria pela sua Terra, pela sua Banda Músical e pelo seu Rio Douro.
EU JÁ MORRI.
Morri porque não posso ver a Banda, não vejo o Lugar da Sobreira nem o Rio Douro.

Nota: -
Este Poeta autodidacta,deixou um espólio que seria de valor cultural incalculável, mas que infelizmente se poderá ter perdido por na ocasião da sua morte estar em poder de um seu amigo e que os familiares de Ricardo M. Sousa não terem conseguido como o encontrar, o que poderá ter acontecido também ele já ter partido dado que era uma pessoa de Idade avançada.

Apraz-me registar a Quadra que dedicou às Fragas de Sebolido.
È aqui que o Poeta pensa e Clama.
Sem Deus seria impossivel tão bonito panorama.

A última Quadra do Poeta:-

Muito Lindo é na Vida
Saber a Vida Levar
Quem na Vida nã faz Vida
Tem na Vida Que Chorar.

Amigo Descansa em Paz.

Por mim vou continuar a procurar recolher mais testemunhos.

Tenho programado para breve novo contacto.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Um Conto de Natal

Natal

Conto

E ele a dar-lhe e a burra a fugir. Tanto já se tinha esforçado para vender os toiros em condições vantajosas que perdeu a conta aos artifícios montados nesse firme propósito de fazer o negócio que agora acabara de concluir na feira de Melres.
Nem em Canedo lhos quiseram por duas notas de cem mil reis a quantia que correspondia exactamente à última avaliação feita pelo Roto de Cabeçais nos vinte e cinco em Entre-os-rios.
- Tratantes, passa um homem um ano inteiro a pastar e a engordar o gado e agora dão-lhe aquela miséria de compensação por tanto esforço! Ele é erva, folhelho, palha e muitas vezes milho do canastro para manter uns bois sempre na esperança de, depois de bem medrados, tirar deles um suplementar rendimento de forma a poder sobreviver enfrentando as muitas adversidades que podem surgir sem a gente contar.
- Cento e oitenta paus por dois touros; bichos graúdos, possantes, capazes de lavrar num só dia dois campos de milho ou acartar do monte, cinco ou seis carros de mato, é mesmo a gozar com quem trabalha a terra!
Mas pronto, agora é rezar-lhes pela alma, no fundo o que interessava mesmo era sentir no bolso das calças de ganga o bafo das notas que pareciam acabadinhas de fazer na Casa da Moeda. São raras, quem tiver a felicidade de deitar os olhos em cima de uma montanha daquelas, todas de vinte escudos, pode considerar-se um homem rico.
Caminhava em direcção a casa pelos caminhos do monte levando numa mão a soga agora desocupada e na outra a vara de marmeleiro com que tocou os animais até à Melres.
- Isto de antecipar as feiras também tem que se lhe diga, um homem faz contas à vida e tudo o que lhe alterar o calendário religiosamente estabelecido no princípio do ano, acaba sempre por trazer grandes contrariedades. Falhou um dia de poda lá em baixo nas Enxurreiras e ainda por cima se havia de fazer bom tempo era hoje.
Tarde de Dezembro, véspera de Natal e ele a passar nas Corgas a digerir um negócio que sem ser bom ou mau, acabou por não atingir os desejados objectivos.
Anoitecia, o sino da igreja de Sebolido batia as cinco horas da tarde e o Ratana aconchegou-se um pouco mais dentro da samarra tentando impedir que o ar gelado de Inverno lhe penetrasse no corpo e chegasse até aos ossos.
Já perto do povoado, ali onde os caminhos se encontram e prometem variadas e incógnitas direcções, parou a contemplar a capelinha da Senhora do Monte. De chapéu na mão, sim porque um verdadeiro devoto tem de se descobrir e guardar respeito às coisas de da fé, benzeu-se e fez uma prolongada vénia. Um homem trás sempre dentro da solidão sentimental da sua vida intangíveis mistérios e ele na condição de criatura feita à imagem e semelhança de Deus, não escapava aos propósitos do destino e carregava também a pesar-lhe em cima do lombo, inquietações, angústias e medos e muito mais coisas que o iam minando como a aguardente a um alcoólico.
Como se de repente lhe viessem à cabeça todas as dolorosas realidades da vida, avançou para a entrada da capela disposto a rezar. Foi um desejo imprevisto, um baque no coração que não tem explicação mas que lhe condicionou todas as vontades previsíveis e lhe ordenou numa hipnose estranha o que tinha de fazer.
- O meu Quim! - Exclamou
O filho ausente na tropa a lutar na Guiné, nesse ultramar que derrete juventudes inocentes e que já há dois Natais não se sentava à mesa da ceia, entrou-lhe pelo pensamento dentro com um tiro desferido à queima – roupa que o degolasse ali, entupido por um nó que se formou de repente na garganta e a ferida da sua quase insuportável ausência, aquela fenda no peito que lhe andava a esmagar o coração, principiou de novo a sagrar.
Ajoelhou na terra húmida do recinto e, como um naufrago aflito no mar alto que visse ao longe o navio da salvação, ergueu as mãos ao céu e soltou o apelo que o devorava:
- Senhor, eu sei que sou pecador que decerto nem mereço um simples olhar da Vossa Divina Graça mas se poderes trazei de volta o meu pequeno, não por mim mas pela minha Ana que morre de saudades do filho! Não sabemos dele há mais de dois meses, o Maioto carteiro não nos chega com notícias, tão-pouco com um aerograma a dizer que está bem!
Os olhos humedeciam-se à medida que se embrenhava no entorpecimento da espontânea oração e aquele ser dos campos, era então o símbolo vivo de todas as fraquezas humanas, reduzido ao nada, ao barro de que foi formado ao pó a que há-de voltar a ser um dia. Recorria à santa que nem sequer via porque fechada dentro da capela decerto nem o ouvia e por isso ignoraria as suas preces. Tão pequena e frágil é a condição humana, desprotegido agarra-se ao divino com tal devoção que só um Deus muito severo e cruel não atenderia a tão humildes e sinceras súplicas.
Levantou-se e benzeu-se de novo com mãos trémulas ao mesmo tempo que deu um passo em frente e empurrou a porta do templo que se abriu e deixou ver na penumbra do pequeno compartimento, um altar mais ao fundo com a imagem de N. Senhora de Lurdes pausada em cima de uma toalha de linho branco que o olhava com a celeste bondade dos santos.
Assaltado por um sentimento de piedade repentino avançou timidamente para ela e ajoelhado disse:
- Estou eu para aqui feito tolo a pedir coisas e a senhora aqui sozinha ao frio dentro da capela sem comer e sem beber. Hoje é dia de festa e se vossemecê não se importar, vai consoar lá a casa comigo e com a minha Ana. A comida já deve andar às voltas na panela, são batatas cozidas com bacalhau e tronchudas regadas com azeite da terra, do mesmo que ilumina o Santíssimo Vosso filho que está lá em baixo na igreja e, se Ele quiser, há-de haver uma rabanadita ou duas feitas com mel do Manel da Deolinda e também um naco de bolo rei para sossega! Não sei se a Senhora gosta mas é sempre melhor que nada! Se a deixar aqui, nem consoada vai ter! Olhe que a minha Ana cozinha que é uma maravilha!
Sem esperar resposta pegou na estátua da santa, embrulhou-a na toalha, meteu-a debaixo da samarra saindo a caminho de casa.
Passou à Cruz de Ferro já a noite descia em manto gelado a cobrir os campos e os montes e as tronchudas nas leiras da Rodela, luziam já cobertas pela humidade do sereno nocturno.
Chegou finalmente a casa quando a esposa preocupada já se tinha decidido a procurá-lo. Ao ver aquele embrulho debaixo do braço do marido exclamou surpreendida:
- Que é que trazes ai homem, é um bacalhau? Se for já vem tarde, o que vais comer hoje, já está cozido!
-Não mulher, respondeu num sorriso de contente, trago aqui a N. Senhora de Lurdes que este ano resolveu vir consoar cá a casa! Em falta do nosso Quim fica ela a fazer companhia à gente, é sempre uma mulher que mete respeito!
Ela calou-se entupida por brusca e inesperada emoção a olhar para o marido, aquele pedaço de asno, rude como toco de carvalho, mas que tinha dentro do peito uma alma do tamanho do mundo. Chorou por que ele lhe lembrou o adorado filho ausente e também por confirmar mais uma vez ao longo desta vida de trabalhos e canseiras, que casou com um homem capaz de retroceder no tempo e reencarnar a inocente época em que foi criancinha.
A ceia estava pronta, na travessa de barro com ramos de flores estampados, apareceram as fumegantes batatas cozidas meio cobertas com postas de bacalhau e tronchudas. Um cheirinho a Natal espalhou-se na cozinha que a luz de um lampião a petróleo mal iluminava e a mesa posta tinha três talheres e outros tantos pratos, ao centro mais um outro cheio de rabanadas e um bolo rei embrulhado num papel de fantasia com pequeninas árvores de natal desenhadas, completava a fartura que se repetia todos os anos nesta noite.
A lareira crepitava em farto lume e, pela primeira vez neste Inverno, superava o frio que entrava pelas frinchas da parede e das lousas da cobertura porque o lavrador tinha trazido do monte um enorme tronco de castanho.
Trum, trum, trum
Alguém batia no postigo. O Ratana levantou-se num pulo e foi abrir a porta ao inesperado visitante. Ali, à frente dos seus olhos estava o filho fardado de camuflado militar. Nem um som pronunciou a sua boca estupefacta e sem medir os gestos, avançou e abraçou-se a ele a soluçar. A Ana veio também a correr e, por entre lágrimas e risos os três eram um só de pé na soleira da porta da singela casinha.
Veio a ceia agora ainda mais apetecida e os quatro a consoar em volta da mesa, faziam lembrar o santo presépio de Belém.

Do livro, "Douro Lindo" de Manuel Araújo da Cunha